OS SETE DESEJOS
- Inconsciente Feminino
- 13 de jul. de 2021
- 2 min de leitura
Estava um dia a olhar certo jardim por uma vidraça. O sol produzia um pequeno arco-íris que coloria de alegria o dia. Jatos d’água, alimento e conforto, acariciavam a grama. As cores ondulantes, ilusão criada pela refração da luz, pareciam vivas, contrastando com o nada. No meu pensamento não restava sentimento, apenas desamparo e solidão. Desejei poder chorar, mas sequei em contraste com o jardim. Ele vivia, eu não. De repente, saído não sei de onde, um som...
-Sete desejos!
Procurei em torno assustada. Ninguém. Parecia que a voz vinha do jardim...
-Sete desejos!
Olhei para baixo. Aquele danadinho brilhava e agitava-se ao sol.
-Sete desejos, sete desejos!
Respondi ansiosa:
-Sete desejos? Não consigo pensar em nada, nem desejar nada. Se fosse apenas um!
-Sete desejos, repetia ele nervosamente. Sete! Sete!
Desesperada, irritada e em agonia eu repetia: sete? O que parecia bênção ecoava como maldição. Sete...
Astutamente falei:
-Desejo em primeiro lugar que de sete sobre um par, e do par só sobre um.
-Cumpra-se! Seja feita a sua vontade!
Repentinamente me lembrei que bem distante alguma coisa almejei... Era um pequeno elefante: gordo, desengonçado, pesado. Desejei ardentemente o elefante do passado. Sorri e disse:
-Quero um elefante!
Não obtive resposta. Repeti irritada:
-Um elefante! Tu dissestes sete, tenho apenas um desejo e não respondes!
Percebi desconcertada uma pequena lágrima em seus olhos. Ele olhou para mim tristemente e disse que não poderia mais me atender. Pasmada perguntei:
-Por quê?
Ele não me respondeu condenado em uma eterna tristeza.
Vislumbrei a resposta: quando de sete apenas um restara, o meu pedido se completara, e assim nada sobrara.
Vendo seu desamparo, por não poder me satisfazer, meus olhos piscaram e então chorei...
E das lágrimas que rolaram dois arco-íris se formaram.
Então ouvi quando ele alegre falou:
-Agora de sete, quatorze te dou!

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